É preciso tomar consciência da necessidade de um espaço de diálogo, precioso mas também desafiador mas que também demanda tempo e disponibilidade psico-afetiva, diante de nosso contexto atual, que conecta quem está longe e esvazia quem está perto. Aprendemos a ser mãe e pai por meio da escuta de nossos filhos, é preciso escutar para saber do que o outro precisa. Mas é preciso escutar da forma mais empática, respeitosa e acolhedora possível.
Por Tatiana Pedreira
É preciso tomar consciência da necessidade de um espaço de diálogo, precioso mas também desafiador mas que também demanda tempo e disponibilidade psico-afetiva, diante de nosso contexto atual, que conecta quem está longe e esvazia quem está perto. Aprendemos a ser mãe e pai por meio da escuta de nossos filhos, é preciso escutar para saber do que o outro precisa. Mas é preciso escutar da forma mais empática, respeitosa e acolhedora possível.
Quando atendemos em nosso consultório, é isso que fazemos e por isso o trabalho funciona, porque o outro sabe que não será julgado ou aconselhado. Sem essa garantia não haveria abertura necessária para uma aproximação e para o entendimento do que o paciente pensa e do que necessita como intervenção. Fazer isso com filhos, porém, é muito mais desafiador, uma vez que existe um enorme amor envolvido e um desejo imenso de, rapidamente, retirá-los da dor ou de ensinarmos uma série de coisas. Ajustes na rotina podem ser necessários para isso ─ assim como pactos ligados ao afastamento dos smartphones ou tablets nos momentos de diálogo.
“Precisamos de uma convivência de maior qualidade, com presença plena, também na brincadeira ou no afeto compartilhado. Nossas crianças estão muito carentes disso ─ e os adultos também!”
Punição? Não.
Só mudamos um comportamento por meio da reflexão acerca de suas reais consequências. Se eu mostro à criança que se ela danificar seu brinquedo, não poderá mais brincar com ele, eu estou mostrando a ela uma consequência de seus atos e assim também posso ensiná-la sobre relações e estudo. Já por meio da punição ou do “pare com isso!”, “deixe dessa bobagem!”, estou provocando apenas raiva, rebeldia e/ou, até, humilhação, o que, além de danoso psiquicamente, a impede de fazer alguma reflexão construtiva e educativa, de fato. Podemos e devemos dar limites a nossas crianças, mas o diálogo empático precisa preceder, sempre que possível, o limite ou a correção.
Educando pelo exemplo
É preciso que saibamos empoderar nossos filhos. Em primeiro lugar, prezando pela autoestima da criança. Isto não é alcançado por meio de elogios ou de premiações, simplesmente. A autoestima é estruturada, primordialmente, por meio do amor incondicional. Daquele amor que demonstro generosa e amplamente, mesmo quando a criança erra, mesmo quando temos que ajudá-la a rever o que fez. Assim, ela aprenderá a aprender.
Esta é a principal função de um educador, incluindo pai, mãe, avô: ensinar e estimular a criança a aprender. Fazemos isso quando, por exemplo, a criança tenta algo novo com a segurança de que, se errar, não será humilhada ou atacada. Assim, ela se dará o direito de sair de sua zona de conforto ─ premissa básica para o desenvolvimento ─ sem tanto medo de errar, de fazer feio, pois aprendeu que, mesmo errando, ainda é digna de amor e respeito.
Para que um ser em formação se sinta empoderado, ele precisa se sentir à vontade para testar suas próprias hipóteses, para explorar o mundo, para pedir o que precisa sem medo. E para isso, mais uma vez, o exemplo que damos aos nossos filhos, é mais importante do que o nosso discurso.
Tatiana Pedreira ─ psicóloga (CRP 03/02086), psicoterapeuta de abordagem humanista-existencial, conferencista. Trabalha com educação parental baseada em um modelo de vinculação segura, empática e incondicionalmente respeitosa entre adultos e crianças. O mais relevante: é mãe de Maitê, com quem aprende diariamente sobre amor e respeito incondicionais.
Fotos: Divulgação.