terça-feira, 3 dezembro 2024
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A escolha da profissão

Escolher uma carreira para seguir é um grande passo. Nessa etapa, é normal surgirem dúvidas e com elas a necessidade de uma orientação. A psicóloga, pedagoga e sócia fundadora da Desenvolver, Fernanda Burgos, conversa com a gente sobre esse momento. Confira:

Anuário Educar: Como escolher uma profissão?

Fernanda Burgos: Escolher uma profissão é uma experiência que exige muito dos adolescentes. Atrelado ao desafio de saber o que fazer, a escolha profissional é também uma escolha do que ser. É preciso estar em dia com seu desejo, com o conhecimento da realidade profissional, com o mercado de trabalho e também com o reconhecimento da sua capacidade e habilidade. Uma escolha assertiva é baseada numa tríade muito importante de autoconhecimento: conhecimento da realidade, mercado de trabalho e identificação das habilidades e competências que se têm e as que se quer desenvolver.

A.E.: Para que serve a Orientação Profissional? Todo mundo precisa?

F.B.: A Orientação Profissional serve para qualquer pessoa, mas não precisa ser feita por todos. Ou seja, todos aqueles e aquelas que queiram investir num aprofundamento teórico e prático, sobre o que fazer no futuro profissional, podem fazer, porque o processo vai servir de auxílio. Mas aqueles que já fizeram essa reflexão e também uma escolha com critérios bem claros e estabelecidos, pensando no por que fazer e no por que não fazer, não teria indicação para a Orientação Profissional.

A.E.: Quais são os “passos” de uma Orientação Profissional?

F.B.: Ela é um processo breve com início, meio e fim estabelecidos. A quantidade de encontros é definida pela profissional que atua nessa área. Nós, na Desenvolver, fazemos encontros regulares semanais, e utilizamos testes, escalas, entrevistas e outros instrumentos psicológicos que contribuem para a construção de critérios claros e parametrizados que auxiliarão na escolha da profissão de forma mais assertiva. Vale ressaltar que o processo de Orientação Profissional não é psicoterapia.

A.E.: Como saber se está no caminho certo?

F.B.: Ter autoconhecimento, saber reconhecer seus desejos e limites é um caminho para essa escolha mais assertiva. E o que recomendamos é que os jovens busquem conhecer a realidade profissional, pesquisando o mercado de trabalho e conversando com profissionais das áreas de interesse, bem como que invistam no processo de identificação e conhecimento das suas próprias habilidades e competências. O mercado de trabalho atual e dos próximos anos exige que tenhamos a capacidade de conhecer a realidade, refletir sobre ela de forma criativa e sustentável e pensar em estratégias diferentes de solucionar um mesmo problema.

Você sabia?

Outro dado que mudou completamente a relação do adolescente com a escolha profissional é a pontuação do Enem e do Sisu. Muitos adolescentes alcançam a pontuação para o curso que pretendiam e adentram na universidade, porém outros têm uma pontuação que não contempla a escolha desejada e acabam em outra opção que nem sempre é a que queria. Dessa forma, há uma crescente insatisfação com a escolha nos primeiros trimestres do curso de graduação, e um dos indicadores que podem contribuir para a desistência ou mudança frequente de cursos nos primeiros anos da universidade.

Fernanda Burgos é mãe de Lucca, psicóloga, pedagoga, sócia fundadora da Desenvolver: Psicologia e Educação (@desenvolverbahia), especialista em educação e contemporaneidade, filiada à Associação Brasileira de Orientação Profissional (ABOP) e à Associação Brasileira de Avaliação Psicológica (IBAP).