domingo, 22 setembro 2024
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Ressignificando afetos no ambiente escolar

O toque e o carinho físico sempre estiveram presentes no ambiente do Colégio Miró, de forma muito natural. Entretanto, o cenário mudou quando as escolas anunciaram a suspensão das atividades presenciais como medida para conter a propagação do novo coronavírus. E de repente, desafios que até então não pareciam tão imediatos vieram à tona.

Segundo a diretora do Ensino Fundamental do Colégio Miró, Cândida Muzzio, a volta às aulas presenciais na instituição foi preparada com atenção para garantir a readaptação das crianças à rotina escolar, ao convívio com os colegas dentro da nova realidade imposta pelos cuidados com o vírus:

“Viveremos uma complexidade. Os aspectos socioemocionais que já eram importantes agora tomam uma relevância muito maior”.

Cândida Muzzio.

A chegada com acolhimento

No retorno, o Colégio Miró teve estratégias para lidar com a situação com leveza, de maneira lúdica e para que a instituição certifique-se de que os alunos estão se adaptando sem comprometer seu desenvolvimento. Como, por exemplo, trocar o cumprimento tradicional por alguns combinados de códigos que representem esse afeto ou a possibilidade de usar o desenho como meio de externar os sentimentos.

Rodas de conversa, atendimentos individuais, brincadeiras planejadas e foco nas relações para repactuar o convívio – já que a classe não teria mais a mesma conformidade que tinha anteriormente.

Em qualquer idade, para aprender na escola, a criança precisa se sentir segura e também incluída no grupo. Por isso, segundo a diretora pedagógica do Ensino Infantil do Colégio Miró, Clara Coelho, todas as mudanças sobre as novas formas de se mostrar afetos, de se sentir seguro e acolhido serão conversadas e construídas com as crianças, para que essas construções sejam de fato compreendidas, absorvidas, dialogadas e tratadas.

“Quando a gente não dá chance dessas crianças conversarem sobre seus medos, desagrados ou de serem escutadas nas suas demandas, os sentimentos que podem ser gerados por esse desconforto vira um problema. Então, se você cuida, escuta, propõe e dá tratamento aquilo que está sendo dialogado na escola, fica mais fácil para as crianças se apropriarem, se aproximarem e se conformarem com os novos combinados”, explica Clara.

Cândida complementa que o Miró já é uma escola que trabalha observando comportamentos e sinais, e no retorno, irá intensificar isso através do olhar dos professores, auxiliares, da coordenação e da direção. “Fortaleceremos os momentos de escuta das crianças para que possamos ouvir as suas histórias. Todos os dias temos que ver como está cada criança e observar como elas chegam”, diz Muzzio. A gestora fortalece que, muitas vezes, para acolher os pequenos na sua sala de aula, ela não beijava nem abraçava as crianças. Mas a sua postura de afeto sempre foi imensa, e assim foi no retorno das aulas presenciais.

foto Andréa Cedraz

Como está a saúde emocional das crianças?

O choro, o receio de um familiar ser contaminado, o pavor do escuro, essas foram algumas manifestações do medo que muitas crianças viveram no isolamento social. Segundo o neuropsicólogo e doutor em ciências da educação, Alessandro Marimpietri, o ideal era que as famílias oferecessem às crianças uma ambiência confortável e protetiva, e que elas tivessem recursos para enfrentar a travessia. “Na manifestação identificada do medo, os pais precisam perceber o funcionamento de seus filhos, os seus sinais e jamais desmerecer o medo expresso de uma criança. E também, suportar a dor e o sofrimento dos filhos, isso significa não misturar seus sentimentos, criando maneiras do indivíduo enfrentar a situação”, diz Marimpietri. 

De acordo com Clara Coelho, será demandado um movimento coletivo da escola, da família e dos amigos, para reconstruir diariamente a sensação de bem-estar emocional das crianças diante do contexto vivido. “Há uma narrativa importante no aumento do número de crianças, adolescentes e jovens que estão nas clínicas de psicanálise por conta de uma série de emoções vividas sem que eles, ou seus pais, pudessem cuidar com um pouco mais de antecipação. Ao serem furtadas da convivência com seus pares, as crianças ficaram restritas a uma convivência dispare com o adulto”.

“Então é compreensível que elas estejam nesse nível de angústia, medo e tristeza”

Clara Coelho.
Rua Cândido Portinari, nº 58, Morro Ipiranga – Barra. 71 3038-2400. www.colegiomiro.com.br