Essa era uma pergunta complexa com diversas possibilidades dentro de um cenário ainda incerto que era muito incerto. Como tudo na vida, as dificuldades e desafios vividos nos ensinam muito e com a pandemia não foi diferente. Já temos muitas lições para tirar dessa experiência inusitada. Farei um recorte para falar da Educação Infantil, minha área de atuação.
Por Mariana Moraes, Diretora da Escola Cresça e Apareça*
Quando iniciamos esse processo de ensino remoto muito estávamos muito descrente da sua real viabilidade para as crianças bem pequenas (0 a 3 anos) e pequenas (4 e 5 anos).
Além disso, foi muito desafiador! Mas hoje, vejo que encontramos caminhos e possibilidades que deram muito certo. As crianças sempre nos surpreendem com poder de adaptação e compreensão do universo a sua volta.
Foi possível descobrir um mundo de possibilidades que abrem muitas portas para abordar conteúdos de um outro lugar. Neste caminho do uso de tecnologias, talvez tenhamos nos aproximado e encurtado a distância da geração dos educadores com a era digital na qual as crianças já nasceram imersas. É possível também constatar a importância do corpo e das relações entre pares nos processos de aprendizagem e descobertas das crianças.
No entanto ainda que muitas escolas tenham tido êxito no ensino remoto, algumas coisas são insubstituíveis.
A incerteza demonstrou para algumas escolas, principalmente as que trabalham com sistemas educacionais, que não devemos engessar o aprendizado em materiais prontos. A pandemia e sua característica pediu do professor e das equipes pedagógicas um olhar para o presente, para o que funcionava, para o que tinha sentido, significado. Aquela historia de ter um livro pronto, com as aulas iguais todo ano, caiu por terra. Cada professor teve que buscar sua realidade e de sua turma, suas possibilidades de como levar aquele conteúdo e tornar ele significativo.
Os professores
Para os que lecionam foi extremamente desafiador. Foi um processo triste, muitas vezes solitário e frustrante. Por outro lado acredito que no fim de tudo, o saldo foi positivo. Não imagino outra oportunidade de crescimento, reflexão e aprendizado, como aconteceram nesse período. Foi preciso revisitar teorias, criar novas práticas, refletir e observar para planejar… Todo mundo saiu de sua zona de conforto e voltou para o lugar de aprendiz. A relação com o aluno ficou mais ética, mais valiosa e os processos muito mais verdadeiros e ricos. Ainda ressalto a aproximação com as tecnologias ativas, quantos anos precisaríamos para incluir no cotidiano da escola novas ferramentas e um novo pensar? Avançamos anos em meses.
Relação com a família
Outro ponto que sofreu transformação foi a relação da escola com as famílias. Neste período aprendemos a trabalhar juntos. A parceria foi fundamental e levou essa relação para outro lugar. Por admiração ou por necessidade, o professor e os pais, se olham de outra forma, o sentimento de empatia é mais real e mais sincero. Acredito que apesar do cansaço que todos viveram, as famílias vão sentir falta da rotina escolar com seus filhos e tornará todos mais presentes dentro da escola no futuro. Todo pai, mãe, avó, tia, virou um pouco professor e todos tem outro olhar depois dessa experiência.
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