Faz parte do malabarismo materno, dentro das nossas demandas diárias (trabalho, casa, marido) conciliar as atividades escolares ou tarefas. Gerenciar essa vida estudantil dos filhos, olhar mochila, lancheira, ver se comeu tudo, assinar a agenda, ler os recados, buscar presente quando tem festinha e por aí vai… Isso deixa qualquer mãe com os nervos a flor da pele.
Por Carol Robazza*
O que facilita administrar tudo isso é ter rotina no pós aula, na hora de sentar para as atividades (inclusive com as demandas do lar bombando). Aqui em casa, quando não tínhamos o turno oposto, o momento era depois do almoço, antes do banho. Sabe quando a criança está com vontade, empolgada e o corpinho não tão cansado para fazer. Minha justificativa era porque daria mais tempo de brincar, íamos tranquilas para as atividades extras e depois era jantar e cama.
A dependência de ajuda era maior, pois a Lígia não sabia ler ainda. Com a alfabetização, fomos aos poucos soltando até que ficou bem pequeno o momento em que fico ao lado dela. Muitas vezes faço companhia, outras, fico próxima e explico que preciso terminar o jantar.
Desde o ano passado, tivemos que readaptar a rotina porque optamos por deixar no turno oposto, das 13h30 até 15h30. Sim, a criança chega em casa quase 16h ou até mais tarde dependendo do dia quando tem atividade extra.
Esse equilíbrio nem sempre funciona, nem pra ela nem para gente.
Precisamos de muitos combinados no dia para “dar conta”. Não é fácil captar a atenção da minha filha nesse horário quando todos já estão cansados e sem paciência para fazer a atividade.
Ja tentei várias alternativas, banho antes ou depois, fazer antes da aula bem cedinho, deixar metade feito e a outra continua na escola ou até mesmo levar em branco porque, a Lígia estava tão cansada que não compensava. Inclusive já fui conversar na escola para melhorarmos isso, ter um reforço escolar antes das aulas do turno oposto para ajudar as crianças.
Ouvi tantas vezes que atividade era chato, difícil e que não tinha que ter, que estava cansada e queria brincar. Sei que a escolha em deixar por mais tempo foi nossa, porém tinha que fazer da tarefa algo divertido e prazeroso. Não queria que minha filha pegasse birra ou ranço disso.
A cabeça de mãe não tem um minuto de paz! Pensei em outras alternativas para meu malabarismo funcionar. Eis que este ano tivemos uma reunião com os pais do turno oposto e lá, depois da dúvida de um pai, soube que a escola tinha uma espécie de plantão, uma professora á disposição para as crianças fazerem as atividades. Ufa, respirei fundo, agradeci internamente e pensei em como a minha rotina ia melhorar. Dei pulos internos de alegria.
Cheguei em casa contando toda animada para a Lígia, que me respondeu que sabia e que não tinha feito na escola porque eu não tinha deixado. Ela não sabia que podia. Conversamos sobre isso, sobre ter mais tempo para brincar quando chegasse em casa. O que fosse online, poderia ser feito aqui. De resto, lá com os amigos, que é mais divertido e todos estão descansados.
Fotos: Carol Robazza.