Por Viviane Brito, CEO do Villa Global Education*
Me vi diante de distintos objetos, construídos a partir das experiências singulares dos que estão participando dos debates e das reivindicações. Certamente, cada um desses interlocutores enxerga a implantação da Reforma com as lentes que possui e de acordo com os interesses mais ou menos imediatos sobre o assunto.
No discurso repetitivo sobre a fragilidade da escola pública diante dos desafios da implantação, há dificuldades decorrentes da precariedade das redes, fruto de anos de ausência e/ou descontinuidade de políticas educacionais integradas. Isso pode nos remeter à pergunta: quais as políticas que foram ou não implantadas para que a realidade se apresente atualmente dessa forma?
Argumenta-se, também, que as escolas não estão preparadas para o Novo Ensino Médio. Sim, mas também não estão preparadas para o velho, pois os resultados obtidos pelos alunos em provas externas revelam decepcionantes índices de aprovação. Excetuando-se algumas ilhas de bom desempenho, pode-se constatar que a escola brasileira não conseguiu apresentar resultados alentadores.
Revogar a Lei só afastará o desafio, mas não construirá uma escola competente. É preciso um conjunto de medidas integradas, um pacto de toda a sociedade para que os investimentos necessários sejam feitos com agilidade, num plano consistente de curto, médio e longo prazo que remova dificuldades e implante facilidades. Temos o diagnóstico. Falta a ação.
Corre-se o risco de nos perdermos no discurso das dificuldades ao invés de buscarmos soluções efetivas para uma implantação faseada e responsável da Reforma. Corremos o risco de supervalorizar o currículo antigo, recheado de conteúdo, afastando-nos do desenvolvimento de competências que serão inevitavelmente exigidas dos jovens na vida em sociedade e no mundo do trabalho.
Na discussão sobre os entraves da Reforma, sem análise devida do ponto de vista pedagógico, politizaremos o processo diagnóstico ao invés de utilizarmos os dados já disponíveis para introduzir ajustes.
O discurso favorável à revogação da Lei apela para o sentido democrático que não pode desconsiderar a impotência da escola pública. Entretanto, é preciso levar em conta que a rede privada e muitas públicas já avançaram na respectiva implantação e, portanto, retroceder significa penalizar parte da população de alunos e de escolas.
A reforma do Ensino Médio no mundo é consequência das necessidades das novas juventudes num planeta em transformação. É necessário esclarecer a nossa sociedade sobre as expectativas educacionais para este século, contingência que envolve as economias emergentes, uso significativo de tecnologias e, consequentemente, novos modos de conhecer, produzir e relacionar-se.
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