quinta-feira, 21 novembro 2024
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Saiba mais sobre seletividade alimentar nas crianças

Especialistas apontam que a alimentação saudável da criança deve iniciar com a alimentação materna, antes, durante a gestação e na fase de lactação a fim de possibilitar o reconhecimento de sabores em idades maiores. Este período irá influenciar as preferências e os hábitos alimentares na infância e na vida adulta, mostrando a importância que os pais desempenham na construção dos hábitos alimentares dos filhos.

A alimentação adequada é de fundamental importância durante toda a vida, pois contribui decisivamente para o crescimento, desenvolvimento fisiológico, desempenho e produtividade, assim como para a manutenção da saúde e do bem-estar. As crianças precisam de um suporte equilibrado de nutrientes, para possibilitar seu apropriado desenvolvimento cognitivo e psicomotor.

Afinal, o que é seletividade alimentar?

É um tema de estudos relativamente novo, mas de acordo com os especialistas da área de nutrição a Seletividade Alimentar é classificada como Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo. Mais do que apenas ser um comedor exigente, a pessoa com seletividade alimentar costuma ter aversão sensorial a certos sabores, texturas ou cores, chegando a desenvolver fobia de determinados alimentos.

A questão mais importante é entender que a Seletividade Alimentar existe, saber quais são os tipos, e identificar a questão comportamental e fisiológica. Com isso, as pessoas perceberão que não comer, não é uma frescura, é um problema e hoje sabemos disso”

comenta a nutricionista Carina Scapinelli, especialista em Nutrição Funcional

O profissional nutricionista, para entender o problema, precisa identificar desde questões fisiológicas, como uma disbiose intestinal, a traumas na infância ou questão motor oral ou disfunção do transtorno sensorial, que pode estar interferindo na alimentação. Com base nessa análise, o profissional terá um olhar preciso para essa criança.

Como a educação alimentar e nutricional entram no processo?

Quando começamos a brincar com a criança, além de despertarmos curiosidade, entendimento, abertura de novos olhares, analisamos se ela está conseguindo tocar em determinado alimento. Em caso negativo, isso pode significar uma disfunção sensorial, uma hipersensibilidade alimentar, o que também acaba neuroinflamando o organismo. Para termos um bom desenvolvimento, tudo precisa funcionar em harmonia e equilíbrio, inclusive o cérebro, o sistema nervoso central.

Então, há motivos para essa criança não comer. Nesse exercício, o profissional vai entender se é uma seletividade simples ou é uma seletividade extrema e até que ponto deverá entrar com uma suplementação e ajudar essa criança, ou apenas promover ajustes.

Atualmente observamos muitas crianças com a função sensorial comprometida. Muitas pessoas não têm ideia que melhorando a nutrição, podem melhorar, inclusive, a questão sensorial.

“Nós nutricionistas não fechamos diagnóstico. Mas precisamos entender o que está por trás da criança seletiva e buscar as causas. Não dá mais para se deparar com uma criança de oito anos, que come papinha, mas nunca ninguém olhou para ela e falou opa, espera aí isso não está adequado, o que está acontecendo?”, aponta a nutricionista.

Dentro do consultório aparecem muitas crianças com seletividade extrema ou dificuldade alimentar, a ponto de não se relacionar com o alimento, nesse caso faltou um olhar para ela que precisa de acompanhamento, de uma terapia ocupacional, talvez intervindo, e o nutricionista dentro do consultório fazendo um trabalho mais avançado com ela.

Para comer é preciso ter conforto sensorial, a criança não quer surpresa de sabores. Quando falamos de alimentos ultra processados tudo ali é pensado e desenhado, é o açúcar que deixa o cérebro feliz, uma textura fácil de comer, um aroma maravilhoso e um visual onde você olha para o pacote e vê um super herói, certamente foi feito para ser muito palatável e agradável, porém são alimentos que neuroinflamam, contém elementos químicos, como: aditivos, corantes e conservantes.

Quando a criança vai para um alimento da natureza, pode ter surpresa, um dia está mais doce, no outro mais azedo e ela, com essa questão sensorial, não quer surpresa, passa a não gostar de alimentos naturais. Esse cérebro-informação está recebendo aditivos químicos, atrapalhando a formação e não recebendo o que forma sistema todo.

“Os alimentos orgânicos têm maior quantidade de GABA, um neurotransmissor que dá sentido às nossas emoções, então só o fato de pegarmos uma criança seletiva, que não está comendo e começarmos a introduzir, pelo menos um buquê de brócolis orgânico, já equivale a dez de um brócolis convencional, é perfeito para um começo”

destaca Carina

Escalada do Comer e recursos lúdicos

É preciso primeiro entender o grau de dificuldade da criança e podemos entender isso brincando, usando recursos lúdicos, apresentando os alimentos, pois é preciso tolerar o alimento primeiro, interagir com esse alimento e muitas vezes não é com a mão, é com o garfo, porque ela não consegue tocar, cheirar, tocar, precisamos provar e depois comer e assim vamos evoluindo na escalada do comer .

Dra. Carina Scapinelli é nutricionista, pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional e Esportiva Funcional, Fitoterapia, Nutrição Ortomolecular com base em nutrigenômica. Especialização em Nutrição Materno Infantil; Atendimento nutricional em consultório próprio (desde 2001); Sócia e Idealizada da empresa Divertimente Recursos de Apoio Educativo; Proprietária do projeto Laboratório dos sabores.

Fotos: Divulgação. Fonte: JM Assessoria de Imprensa e Comunicação.

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